quarta-feira, 9 de novembro de 2011

A CASTRAÇÃO

Ajoelho-me lentamente diante do terrível Falno. Percebo que nesse momento tudo silencia e até o mar da paixão decidiu parar e suas ondas não chegaram à praia da infância. Nesse momento meus joelhos já tocavam as areias de branco mármore. Elevo meu rosto e me vejo diante da genitália masculina de humano adulto da tal criatura. Eu podia sentir o cheiro de seu sexo invadindo-me as narinas. Despertando em mim uma euforia de sentimentos que me transportavam entre extremos como o amor e o ódio, o prazer e a dor, o sagrado e o profano se choraram dentro de mim nesse momento. Meus olhos lançavam lágrimas que me molhava todo o corpo misturando-se ao suar frio que percorria minha pele. Meu coração se dilacerava em batimentos tão fortes que fizeram minhas veias saltarem em volume de maneira que minha imagem tomava a forma de um ser enraizado por cipós de árvores centenárias. Elevo minhas mãos na direção do órgão que provocara em mim toda essa turvação dos meus sentidos. Chego a tocá-lo e percebo o calor que dele emanava. O contato de minhas mãos no sexo do Falno provocou em mim uma descarga de energia que com certeza provocaria o meu fim se eu não decidisse fazer algo naquele momento. Como quem luta contra o poder destrutivo causado pela aproximação do sol eu descido aproximar meu rosto da genitália do terrível ser. A pele de meu corpo parecia que entrava em um estado de derretimento. As narinas começavam a queimar por conta da aproximação ao órgão que exalava ainda mais cheiro de sexo. Num gesto de desespero final eu beijo o órgão sexual amparado por minhas mãos. Sentindo que meu corpo não suportaria mais a violência da perturbação energética provocada pelo contato de minhas mãos e de minha boca no órgão sexual do terrível Falno, descido arrancar-lhe o sexo utilizando a violência de um movimento abrupto embalado pela violência da energia perturbadora que percorria meu corpo naquele momento. Um tenro uivo se fez ouvir por toda a ilha da praia da infância. A violência do tal grito foi tão destruidora que mudou toda a configuração do cenário apresentado até agora.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

MEU MUNDO INTERIOR

DEPOIS QUE VOCÊ SE FOI.
O grande mar de águas oceânicas, profundas e inexploráveis, que protege em suas entranhas lendários seres fantasmagóricos, neste momento, agitasse de maneira revoltosa e implacável. Neste mar, apenas meu barco sem velas nem motores de poupa, com remos quebrados e bussolas sem norte, viaja desgovernado. Eu me percebo a deriva navegando por águas das quais já naveguei e que por isso me despertam medo mortal. Os ventos lançam meu barco contra os arrecifes pontiagudos. As neblinas caem sobre as águas turbulentas e, como se não bastasse o meu desespero, uma chuva de lá caem torrencialmente enchendo meu barco de maneira que já começa ameaçar a afundar. Corro para todos os lados na tentativa de encontrar algo que me possa renascer o desejo de continuar essa luta pela vida. Onde estará minha HARPA encantada de olhos azulados que sempre teve o poder de me encher de amor e alegria pela vida. Que com suas músicas sempre me transportou para lugares de sonhos encantados e de paisagens lindas e inebriantes de prazer. Lembro-me que nunca a tive só para mim e por isso não está comigo. Percebo que a única coisa que me fará sobreviver a esse desespero será a esperança de novamente poder ver, mais uma vez, a HARPA de olhos azuis tocar e encantar as multidões levando todos a êxtases de puro prazer.
Relâmpagos de lembranças do passado tentam despedaçar meu pobre barco. Não tenho a quem recorrer. Tudo parece ser a fúria de Poseidon por não aceitar que entre os mortais possa existir sentimentos de tamanha grandeza quanto os que guardo em mim, de forma devota, para com a HARPA de olhos azuis. Desta feita parece-me que não terei chances de vida. Percebo que nesse momento não é o medo da morte que me desespera, mas a idéia de não poder ver mais uma única vez a HARPA de olhos azuis. Descido então continuar lutando contra todo esse cenário de horror. Não é a morte que temo, então não poderei parar de lutar. Caminho em direção ao convés do barco, olho firme para tudo que acontece e aceito a realidade imutável da vida. Tal realidade não poderia ter outro nome que não fosse finitude. Compreendo que tudo tem um fim. Minha vida, o mar revolto da paixão, a tempestade da solidão, as chuvas de lágrimas de tristeza, os relâmpagos das lembranças, os arrecifes pontiagudos do esquecimento, as neblinas dos risos caluniosos, o barco da esperança, a HARPA de olhos azuis, e até mesmo o senhor Poseidon, pois sem os mortais não existiram deuses para serem adorados. Compreendo que devotar é o mesmo que ofertar, entregar-se voluntariamente, sem cobranças e nem esperança de reconhecimento, é amar incondicionalmente, independente de tudo e qualquer coisa ou pessoas, é querer e fazer o melhor para o outro sem esperar recompensas e nem elogios.
Derrepente algo novo aconteceu! O meu medo já não me imobilizava não me paralisava. Derrepente meus pés tropeçam na ancora do desejo de amar. Sem pensar duas vezes, eu a lanço ao mar da paixão. Ela desceu rapidamente com a velocidade de quem se lança aos braços de um amor verdadeiro. Sei que agora não poderei avançar, pois com o barco da esperança ancorado pelo desejo de amar ao mar da paixão, só me resta trabalhar para esvaziar as águas da chuva de lágrimas salgadas que tentaram alagar o barco. Esperar que a tempestade se dissipe é sem dúvidas a melhor coisa a fazer. Outro dia de sol de alegria nascerá com certeza.  E quando esse dia chegar a HARPA de olhos azuis terá olhos verdes de esperança em encontrar no meio da multidão alguém que a possa amar de maneira tão surpreendente e que penetre seu coração com a mesma força que suas músicas tocam a fantasia de seus adoradores. Enquanto isso, esperarei aqui mesmo, no meu pobre barquinho da esperança sonhando em te encontrar mais uma vez.
UM SINAL
Derrepente e não mais que derrepente, uma curta sonoridade ecoa por trás dos montes da dúvida. Percebo que tal sonoridade é nada mais que uma nota musical entoada. Após os gritos de euforia dos povos que se encontram distantes de mim, localizados a praia do mar da paixão percebo que tal sonoridade partiu da vibração de uma das cordas da HARPA de olhos azuis. Pois só ela tem o poder de provocar em seus seguidores a euforia da alegria. Mais uma vez se reproduz a sonoridade ouvida outrora. É sim uma nota musical! SOL! Essa é a nota. Eu pude logo identificar. Mas o que ela significaria para trazer tanta alegria assim àqueles que a seguem? Percebo que ela não está tão distante assim de mim. Ainda posso ouvi-la. Nesse momento um raio de luz se apresenta dissipando a tensa neblina dos risos caluniosos. Na penumbra pude perceber que meu pobre barco da esperança já não se encontra alagado pelas águas das chuvas de lágrimas salgadas.  Nesse momento ma voz suave e confortante me cobra a atenção. Olhando para cima percebo uma figura plácida que flutua de forma graciosa. É a fada da Prudência, que logo me adverte de que ainda não é tempo de puxar a ancora do desejo de amar. Não é hora de tomar direção alguma. Pois ainda não estão verdes os olhos azuis da fabulosa HARPA. – Não te apresses em te apresentar! Adverte-me a fada da prudência.  – Para que sonhos se concretizem é necessário que exista cumplicidade de desejos. Ensina a fada da prudência. Rapidamente a fada da prudência desaparece sem que eu pudesse perceber ao menos a direção que ela tomou. Assim, resta-me apenas evocar todo tipo de sorte e felicidade para a HARPA de olhos azuis, na expectativa de que todos seus sonhos possam se tornar realidade e que possas sempre existir de forma tão graciosa para que teu trabalho tenha a continuidade da eterna satisfação dos que te apreciam. E que eu possa, devotamente, presenciar teu sucesso e tuas vitórias. Aguardando o dia em que teus olhos se tornem verdes de esperança em encontrar no meio da multidão alguém que a possa amar de maneira tão surpreendente e que penetre seu coração com a mesma força que suas músicas tocam a fantasia de seus adoradores.

O ENCONTRO

Ainda perplexo com o encontro com a fada da prudência e sua partida abrupta, fiquei como quem estava adormecido. Parado, olhando para lugar nenhum, fiquei como quem não esperava nada mais da vida. O tempo para mim não importava naquele momento.  Aos poucos fui percebendo uma imagem, ainda muito distante, se aproximando de mim de maneira bastante calma. Há medida que se aproximava, eu podia perceber que tinha a forma humana, caminhava como homem e vestia-se de seriedade. Cada vez mais perto eu entendia que ele vinha em minha direção como quem tinha a intenção de me falar. Mas, assim que ele se aproximou do barco da esperança notei que ele elevou-se a uma altura que o podia ver diante de mim com total clareza. Percebi que seu rosto era como um espelho, que devolvia a imagem de tudo que estivesse diante dele. Assim que ficamos de frente um para o outro contemplei o reflexo de meu rosto no seu. Um corpo estranho que, nesse momento, me lançava de volta a minha própria imagem. Era como se eu estivesse diante de mim mesmo. Perguntei seu nome. Nesse instante que o indagava, notei que a minha imagem nele refletida não repetia o meu movimento de fala. Após o cerrar de meus lábios, a imagem de meu rosto refletida na face do ser diante de mim começou a se expressar.
- Sou Ana Lisa. Respondeu-me o ser de forma masculina. Sei que deveria ficar confuso por ver alguém de forma masculina, que tem nome de mulher e que não tem imagem facial própria, mas reflete tudo que esta em sua frente.
- Boa observação a sua. Respondeu-me ele. – Por isso que diante de você sou percebido tal qual você me descreveu, pois assim é você.
Logo lhe perguntei que lugar era esse que tudo podia acontecer. Sua resposta veio de imediato. - Esse é o lugar sem tempo. Aqui tudo acontece agora. Passado, futuro e presente acontecem ao mesmo tempo. Você pode se ver nascer e morrer ao mesmo tempo em que continua vivo para presenciar tudo.
Continuando a falar, ele prosseguiu dizendo: - Esse é seu mundo interior. Todas essas manifestações vividas aqui por você são criações suas. São registros de tudo que você já vivenciou e que foram registrados e internalizados por você. E é através desses registros internalizados que você se comunica com o mundo exterior. Provocando assim uma sucessão infindável de repetições. Aqui você é algoz e refém de você mesmo. Você é senhor e escravo. E todas essas manifestações que você vivencial desde que chegou aqui, são formas oníricas de fatos vividos por você.
Uma angústia terrível de apoderou de mim nesse momento. Sentir que era escravo foi para mim forte demais. E saber meu algoz era naquele momento a mesma pessoa que sofria as dores provocadas por mim mesmo, deixou-me em perplexo desejo de nunca ter existido. Fiquei novamente extático olhando para aquele ser que refletia a minha imagem. Comecei a ter uma sensação de que iria explodir. Era como se uma batalha terrível estivesse sendo travada dentro de mim. Após um período de tempo incalculável perguntei: - como saiu daqui?
- Não poderás! Respondeu-me Ana Lisa. – Sempre estivesse aqui, esse mundo ti é tão familiar quanto o outro que vives, apenas o olhas de maneira direta agora. Nesse momento enquanto me ouves falar aqui nesse mundo para ti, estás no outro mundo trabalhando, estudando, correndo, rindo, chorando, e, à medida que vive essas coisas, trazes para cá cada vez mais coisas que se representam de forma onírica.
Comecei a questionar quem eram então a fada da prudência e a HARPA de olhos azuis? Mas antes que obtivesse resposta, percebi um barulho que surgia da cabine do barco. Olhei para traz e vi uma criança se aproximando de mim. Tinha cabelos castanhos cacheados como os de anjos. Vestia um terno em xadrez preto e branco, sapatos brancos de couro, e olhava para mim com olhar de doçura e densa carência. Como quem clamava por ser adotado e amado. Nesse momento não pude resistir a tão frágil presença. Simplesmente o contemplei. Coloquei-me em sua direção, ajoelhei-me e chorei por simplesmente sentir tudo que ele sentia. – Onde você estava? Perguntei.
- Aqui mesmo. Respondeu-me a criança vestida de adulto. – Sempre estive aqui, mas você nunca me percebeu, exceto agora.
- Qual seu nome? Indaguei-lhe.
- Desejo. Respondeu-me a criança.
Sem saber como explicar, percebi que o barco da esperança agora tinha uma tripulação que compostas por três membros. Éramos eu, Ana Lisa e desejo no barco da esperança, presos ao mar da paixão pela ancora do desejo de amar. Nesse momento uma canção se espalhou pelo ar. Ouvi sons como de águas e ventos, batidas, vozes em coros e uma inigualável voz que dizia: - Escute seu coração!
- De onde vem essa música? Perguntei.
- É a HARPA de olhos azuis quem está tocando. Respondeu-me Desejo.
- E porque não a posso ver agora? Perguntei.
Nesse momento Ana Lisa olhou para Desejo como se soubessem a resposta, mas, estivessem surpresos por eu não compreender. Uma desconfiança assustadora me toma de maneira que começo a estremecer. Da maneira como se olharam, com tanta intimidade, chego a suspeitar que são a mesma pessoa. – Mas como isso é possível? Pensei. Mas antes que eu pudesse manifestar minha curiosidade. Ana Lisa me disse: - É necessário que saiamos daqui!
- Mas como? Perguntei. – a fada da prudência me disse que não era momento de desancorar o parco da esperança!
- Não precisamos fazer isso para sair daqui! Me respondeu Desejo.
- E como faremos? Perguntei.
- Caminharemos! Respondeu Ana Lisa.
- Não afundaremos? Questionei com olhos de perplexidade.
- Só se você quiser! Respondeu-me Desejo.
Como se a gravidade não existisse, percebi que estava-mos caminhando sobre as águas do mar da paixão em direção a praia da infância. A medida que nos aproximava-mos da praia da infância o cenário se tornava ainda mais claro como se o dia estivesse raiando. E lá, uma nova criatura nos aguardava parado sobre a areia da praia olhando em nossa direção. A medida que nos aproximava-mos eu começava a perceber que se tratava de um ser totalmente diferente de tudo que já tinha visto antes. Comecei a ficar aflito e por um momento parei como que por uma paralisia nervosa. Fiquei por um momento estático. Ana Lisa e Desejo seguiram em frente e logo estavam na areia da praia junto ao ser de aparência estranha que olhava diretamente em meus olhos. Comecei a olhar em volta e percebi que a praia lembrava uma ilha. Logo ao fundo e depois das areias tinham árvores enormes e verde que brilhavam como jóias. Desejo se voltou em minha direção acenando com a mão para que eu continuasse a caminhar. Decidi continuar caminhando em direção a todo esse cenário novo que de apresentava a minha frente. Logo que cheguei me vi em frente a um ser que era metade homem e metade cabra. Suas pernas, assim como sua cabeça eram de cabra, tinha o tórax e os braços fortes de homem.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

ANDROGINIA: UMA POSSIBILIDADE DE SUPERAÇÃO À DICOTOMIA DE GÊNEROS

Referindo-se ao ser humano, podemos dizer que, comumente chamamos de andrógeno os indivíduos que aparentam características físicas masculinas e femininas. Porém o tema é bem mais sugestivo do que parece. No entanto, no que se refere ao humano, e por ser este um sujeito, também, social, a temática pode ficar ainda mais complexa. A androginia não é apenas a junção de características físicas do masculino e feminino. O termo pode ser também utilizado para falar de pessoas que assumem características culturais e ideológicas que correspondem ao universo masculino e feminino.
Além das características biológicas e sociais, o ser humano é dotado de [1]alma”. Por sua vez a alma é uma instância do ser humano onde os sentimentos não passam pelo crivo das construções culturais e biológicas. Assim, a origem e a separação dos sexos é apenas uma ilusão criada pela materialidade e pela existência do corpo físico, com o processo evolutivo da Humanidade, no qual mais e mais da alma vai-se aos poucos conseguindo trazer para a existência, seria (e é) inevitável que uma consciência desta androginia mais cedo ou mais tarde nascesse. Pois é justamente isso que vem acontecendo na humanidade. Até alguns anos a definição de gênero era uma definição simplista e dualista: homens e mulheres formavam a espécie humana. Os papéis e as posturas sociais de cada gênero eram muitíssimo claros e definidos. Com o avançar do Século XX e, mais ainda, com o início do Século XXI, uma nova visão sobre os gêneros e a sexualidade humana brotou e veio confrontar a instituição moral vigente na sociedade. Os gêneros humanos se multiplicaram, frutos de uma nova consciência sobre a própria sexualidade e frutos da tecnologia aplicada. As formas de relacionamento assumiram facetas plurais e fluidas. Como resultado desta mudança, emergiu o conceito da [2]pansexualidade”, múltipla e mutável e, em, último julgamento, tão diversa quanto, diversos são os indivíduos humanos.
Um dos pontos mais incisivos nas sociedades humana é a divisão das pessoas em dois grupos separados e "opostos", chamados de “homens” e “mulheres” ou de gênero masculino e feminino. Arbitrário e artificial, essa dualidade de gêneros não possui nenhum suporte científico, mas as pessoas vivem e agem como se ele fosse um fenômeno verdadeiro e completamente natural. A androginia tem sido considerada como uma estratégia para superar essa “oposição” e exclusão recíproca em que se baseia a idéia de gênero. Na androginia, a masculinidade e a feminidade deixam de ser concebidas como duas categorias opostas e passam a ser compreendidas como duas categorias individualizadas, de tal maneira que a pessoa pode pertencer a ambas, ao mesmo tempo, pois não existe exclusão recíproca entre elas. Assim, uma pessoa pode combinar vários componentes de masculinidade e feminidade em qualquer número de modelos de comportamento, segundo suas preferências individuais, necessidades e própria natureza. Desta feita, a androginia representaria todas as combinações possíveis entre as categorias homem e mulher (masculino e feminino).
Na pós-modernidade o conceito de androginia tem sido bastante refutado por diversos autores, sob a alegação de que, na prática, ele só confirma e reproduz elementos da velha divisão arbitrária de feminino e masculino, devendo, portanto, ser abandonado. A fundamental crítica à androginia é, portanto, de que devemos mover-nos além da dicotomia de gêneros, a fim de superarmos a esquizofrenia cultural e social produzida e sustentada por ela. A dicotomia de gêneros deve ser superada a fim de que as pessoas possam desenvolver a sua própria e única identidade. Faz-se necessário lutarmos em busca de uma desconstrução dessa arbitrária bipolarização de gênero, de tal maneira que existam tantos gêneros quantos habitantes existirem no planeta.


[1] A expressão alma aqui está referindo-se a capacidade de sentir e interpretar seus sentimento e emoções. E este é um fenômeno que se manifestará de maneira única em cada ser.
[2] A pansexualidade é caracterizada por atração estética potencial, amor romântico e desejo sexual por qualquer um, incluindo aquelas pessoas que não se encaixam na binária de gênero macho/fêmea implicado pela atração bissexual. Algumas vezes é descrito como a capacidade de amar uma pessoa de forma romântica, independente do gênero.


segunda-feira, 3 de outubro de 2011

QUIMERAMOR

Das quimeras existentes a mais temível é a que se chama AMOR.
Com várias cabeças que respondem por nomes diferentes elas podiam ser conhecidas como:
Amor corporal, Amor de alma, Amor branco, Amor político, Amor filosófico, Amor religioso, Amor idealista, Amor materialista, Amor científico, Amor capitalista, Amor divino, Amor pardo, Amor homo, Amor profano, Amor reprodutivo, Amor mortal, Amor vital, Amor glutão, Amor beberrão, Amor dependente, Amor efêmero, Amor hétero, Amor negro, Amor comprado, Amor cego, Amor de verão, Amor bizarro, Amor polêmico, Amor terrorista, Amor inconsciente, Amor libidinal, amor reprodutivo, amor virtual, amor poético, Amor racional, Amor imortal, amor eterno, Amor de rua, Amor nacionalista, Amor de vanguarda, Amor passional...
E cada vez que uma dessas cabeças da monstruosa quimera tocava em outra, uma nova cabeça nascia com um novo nome que a representasse.
Assim essa monstruosa criatura precisava do maior numero de pessoas possíveis para saciar a fome de suas ferozes cabeças famintas por vidas.
Muitos seduzidos foram devorados vivos enquanto buscavam a saciedade de seus mais profundos desejos.
Quem poderia então destruir tal mostro que possuía tantas cabeças famintas e sedutoras mas que carregava apenas um coração?

QUEM É QUEM?

Descobri que a beleza é extremamente frágil e imaculada;
Não resiste a todas as luzes, nem aos fortes ventos.
Precisa de lugares especiais para que se eternize.
Não aquenta a solidão e nem o silêncio, muito menos a falta de olhares devotos.
O feio, de tanto ser maltratado já sabe que o seu caminho é de pura solidão;
E de tanto vazio, aprendeu a meditar e descobriu que durante sua existência ficou forte
Forte suficiente para saber que a beleza não sobreviveria se não fosse sua dedicação por ela!

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Um lugar chamado PAI

Um lugar longínquo onde tudo que foi criado teve a obrigação de ser grande, inesquecível, avassalador e imprevisível. Uma terra dominada por magias desconhecidos, mas poderosas o suficiente para mudar tudo e qualquer coisa. Um lugar dominado por seres constituídos de duas naturezas. Seres distintos e antagônicos que eram ligados pelo mesmo Gorpo. Seres andróginos que por onde passavam despertavam paixão e medo. Estes seres eram dotados de uma natureza dual e possuidores de forças completamente antagônicas. Eram amorosos e de estremo bom gosto, destruidores e possessivos. Ninguém que os amassem poderia suportar viver esse amor, tamanha a violência como ele era demonstrado. Nessa terra distante até o belo e o feio eram ligados por corpos siameses.
Durante muitos anos acreditou-se que a única forma de estabelecer o equilíbrio nesse universo seria através da separação de fato desses corpos sofredores de ambígua natureza. Mas todas as tentativas mostraram que após a separação nenhum sobrevivia sem o outro. Muitos foram sacrificados nas tentativas de uma possibilidade de vida após a separação. Diante do fracasso das inúmeras tentativas, os simples partiram dessa terra abandonando os andróginos a sua própria sorte.  Os simples eram povos comuns iguais a todos os outros que estão espalhados pelo planeta chamado vida.
Os simples eram seres que tinham uma única natureza. Alguns eram bons e outros maus, uns belos e outros feios, uns sábios e outros ignorantes, uns pacificadores e outros guerreadores. Tentavam viver de maneira equilibrada através da política de familiaridade. Eles se agrupavam de acordo com as semelhanças que tinham com os outros de sua espécie. Então, existiam aldeias repletas de feios e outras de belos. Povoados inteiros eram habitados por pacificadores, enquanto outros eram repletos de guerreadores. Entre os simples, enquanto uns crescem outros morrem por conta da política familiar da qual eles escolheram para viver.
Vida é um planeta de um sistema solar desconhecido que vaga errante pelo universo sombrio. Em Vida tudo tem alma. Até as pedras podem sentir e demonstrar alegria e tristeza. Um planeta habitado por formas de vida das quais em lugar nenhum pode ser visto. Um lugar onde até o ar tem vontades e desejos. Em vida até o mar movimenta-se de acordo com seu próprio desejo.
O maior desejo dos andróginos era poder sentir a paz de vivenciar um único sentimento que não fosse antagônico, conflitante. Os andróginos, assim como todos os outros seres eram dominados por uma única lei universal. A lei que proibia qualquer um de mudar sua própria natureza. Assim, todos seriam para sempre da forma que foram criados. Essa era a lei do PAI, esse lugar encantador e terrível.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

UMA LEMBRANÇA DA INFÂNCIA

Domingo, casa dos meus avós paternos, a família estava toda lá.
Minha avó, matriarca da família, conseguia reunir todos em volta da mesa para o almoço familiar.
Depois do almoço todos queriam conversar.
Eu ainda com seis anos preferia ir brincar!
Junto com um amigo, no fundo do quintal da casa nós urinávamos por todo o lugar.
Como não era de estranhar, nós crianças com tudo queríamos brincar,
E por que não explorar o pinto que tava lá.
Chega meu pai furioso a me bater e me retira do lugar.
De volta à sala de estar,
Eu continuava a apanhar.
A surra foi tão grande que cheguei a desmaiar,
E todos a correr,
Pois queriam me socorrer.
Outra vez acordado,
Vi-me logo numa cadeira sentado.
O meu pai ainda irado,
Com seu dedo apontado,
E um sermão todo montado.
Ele começou a dizer...
Eu te bati pra você aprender,
Que com seu pai você tem que parecer,
E isso nunca mais volte a fazer.
Só me pergunto, porque não me disseram antes,
Que meninos brincantes,
Devem manter seus pintos bem distantes.